Não faz sentido gostar desse tipo de filme.
Também nunca vi lógica essa predileção por sabor.
Muito menos dos dias frios.
E você também tinha opiniões controversas sobre as minhas preferências.
Eu considerava tudo isso uma desconexão e motivo para realinhamentos.
A gente precisaria achar um meio termo.
Mas o que achei foi um novo eu.
Ao me permitir conhecer mais de você, foi a mim quem eu conheci melhor.
O estranho é fácil demais de não gostar.
Tem a ver com o meu padrão sobre o que é bom.
Mas todo padrão é relativo.
Eu comecei a experimentar mais do seu mundo.
Assistir a pelo menos um filme inteiro.
Morder um pedaço.
Avaliar a parte boa dos dias de moletom.
Nada disso significou que eu mudei os meus gostos.
Eu só acrescentei um pouco dos seus.
Somar é sempre a conta mais fácil de fazer.
Eu abri mão de resistir.
Para me ligar mais a você eu precisava desligar minhas certezas.
Eu não perdi nada nesse processo. Pelo contrário.
Ganhei uma opinião para contribuir sempre que o assunto surgir.
Eu não preciso amar as coisas que você gosta para gostar de você.
Mas eu também não preciso desprezá-las.
A gente tem mania de privilegiar apenas o jeito em que nós vemos as coisas.
Desconforta saber que aquilo que gostamos é estranho para alguém.
Ainda que digamos que o que as pessoas dizem não importa.
Importa porque é sempre mais gostoso quando somos validados.
Experimentando um pouco das coisas que você gosta eu descobri coisas novas para gostar.
Os filmes tem papeis específicos nas nossas emoções.
Tem sabor que abre um portal no nosso paladar.
Dias frios melhoram a experiência de bebidas quentes.
Por isso eu comecei a gostar das coisas que você gosta.
Não porque você me pediu, nem porque eu me forcei.
Mas porque a única coisa que me custou foi tentar.
Tentar, muitas vezes, tem mais importância do que conseguir.
Agora, às vezes, a pizza de dois sabores pode ser de um só.
Mas tem certos filmes que sempre serão difíceis de engolir.
🙂
Márcio Rodrigues.
umtravesseiroparadois@gmail.com
@umtravesseiroparadois
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