Boa parte das vezes é sem.
Mas outra boa parte é repleta.
De intenção.
Quando contei que gostei, o plano era evitar suas dúvidas.
Quando perguntei se a gente poderia se ver de novo.
A minha intenção era dizer que estava cedo para acabar.
Te perguntar se quer algo do supermercado.
Para saber se algo de lá vai te fazer bem.
Como que foi no trabalho?
Me conta para você ver que não foi coisa da sua cabeça sentir o que sentiu.
Te mandar um vídeo no TikTok de uma paisagem na europa.
Vai que você anima.
Vídeo de bicho para você dar risada alta no quarto.
Colocar uma música que te empolga.
Só para garantir um momento bom no começo do dia.
Lugar novo para comer ou comer no lugar de sempre.
Descobrir ou confortar. Coisas que o coração gosta.
Quando menciono o tempo juntos é pra gente lembrar do que já passamos.
E de como passou tão pouco perto de tanto por passar.
Cliquei duas vezes numa foto sua e apareceu um coração na tela.
Se você for do tipo que não desativa notificação, vai aparecer um aviso de que eu gostei.
Um beijo para começar e terminar o dia pra eu saber que há e houve você.
Deslizei o teclado de emojis algumas páginas até encontrar o que eu queria.
Pra você saber que procurei um pra escolher.
Boa parte é com intenção; exclusivamente as boas.
Antes de dormir, pego o carregador do celular sem você pedir.
Pra você não acordar brava por esquecer.
Desvirar o chinelo.
Tem um montão de coisa que a gente não repara porque a gente espera que nos contem que precisamos reparar.
A gente repara quando fica óbvio que é intencional.
Vestir roupa chique pra prometer que é pra sempre.
A volta do cabeleireiro ou do barbeiro.
“adorei!”
Antes da viagem que acontece uma vez por ano a gente vive um ano.
Talvez a gente só não repare; quanta coisa cabe.
Cada intenção é um tijolinho. Vai virar casa pra chamar de ninho.
por Márcio Rodrigues.
@umtravesseiroparadois
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