As coisas andam previsíveis, né?
A história mal começa e já parece ter cheiro de que vai dar bosta.
Antes a gente só considerava o pior, hoje a gente já se acostumou.
Tá foda.
O que todo mundo anda fazendo com todo mundo?
A gente anda desmotivado demais. Tá tudo bem desastroso e a esperança que antes era a última a morrer, parece já ter escolhido o caixão. Tempos difíceis.
Só que, apesar de parecer que não, ainda dá para gente acreditar que tem coisa boa vindo aí. A vida não para na última dor.

Entre tanta gente igual, dá para ser diferente. Sempre dá.
Entre tantos manuais sobre como se comportar e jogos de amor que só dão azar, dá para ser diferente se a gente tiver disposição e lembrar de como faz bem para o coração e para a mente ser especial para alguém; se a gente lembrar que ver alguém feliz por causa da gente faz a gente ser feliz também.

Dá para ser diferente.

Pelo menos dá para ser diferente de nós mesmos de antes. Dá para melhorar no que não somos tão bons assim e aperfeiçoar o que já fazemos bem. E isso não tem a ver com nos cobrar para acertar mais do que errar, mas tem a ver sim com a gente refletir sobre como vivemos e avaliar sobre o quanto podemos mudar tudo – especialmente se esse tudo tiver a ver com alguém.

Fazer bem para alguém é uma negócio muito foda.
Tipo, alguém te dizer: “Ei, você me faz bem demais! Eu gosto muito da gente”. Dá para contar nos dedos quais outras coisas fazem mais bem ao nosso coração do que ouvir uma coisa dessas. Só que para isso voltar a acontecer com a gente, a gente precisa fazer alguma coisa. Afinal, é aquilo, a gente já se acostumou com o pior e precisamos acreditar de novo que o que merecemos na verdade é o melhor.

É quase como a gente começar a aceitar que sim: a nossa hora para ser feliz também chega e, se a gente conseguir fazer alguém feliz também ainda que por um minuto, vai chegar ainda mais rápido.

“Tá, mas como fazer alguém feliz assim? E como dá para ser diferente entre tanta gente igual? Você está falando que a gente tem que inovar?”

Não tem que inovar nada. A gente não tem feito nem o básico, imagina o inovador? Amor, por exemplo, é a coisa mais velha do mundo, só que nem de amor a gente fala mais – ou a gente fala e sente dor, o que não faz sentido. A gente pode começar fazendo alguém feliz demonstrando como esse alguém faz diferença na nossa vida – e todo mundo sabe como fazer isso. Dá para ser diferente entre tanta gente igual se a gente desencanar da ideia de ligar nosso coração na tomada para funcionar só de vez em quando e deixá-lo sempre ligado para organizar a nossa vida. Coração não queima. Não tem problema usar o coração todos os segundos da vida – problema tem em achar que ele vai acertar sempre pois não vai, mas aí é sobre consciência, o que é outro assunto.

Entre tanta gente igual, voltemos a nos esforçar. A gente não tem se esforçado mais. É tudo rápido e tudo automático. A gente tem pressa demais. É tudo para ontem. “Se não quiser, tem quem queira”. E se a pessoa não quiser agora mas daqui a pouco sim? O pavio não é mais curto, ele nem existe mais. Queremos comer o bolo sem colocá-lo para assar. Entre tanta gente igual, voltemos a dizer sim para as ocasiões e os caprichos dos imprevistos. Que delícia é o “eu não esperava nada e, do nada, somos nós”. Volte a encontrar mais pessoalmente. Volte a ouvir mais a voz das pessoas. Entre tanta gente igual, dá para ser diferente sendo aquilo que nunca tínhamos que ter deixado de ser: de verdade.

Somos um vaso de flores com espinhos onde o perfume é maior que a chance de machucar as mãos.

Nenhuma iniciativa vai nos isentar da dor, mas valem todas as alternativas se o objetivo é amor.

por Márcio Rodrigues.
@marciorodriguees
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