Muito trânsito no caminho do trabalho.
Um emoji quando não posso falar muito.
Foto do almoço para provar que estou tentando comer saudável.
Foto do sol que estava bonito quando a tarde estava acabando.
Um print de meme.
O post de um show do artista que você me disse gostar.
Foto da TV explicando minha dúvida sobre qual filme assistir.
O constrangimento no elevador com o chefe.
O estado do dedo depois de chutar a quina da mesa.
Print do grupo da minha família.
Comprovante dos ingressos do filme que vamos ver no cinema.
Foto do absurdo que está o preço do azeite.
Um vídeo do TikTok de 2minutos sobre aquele livro que você falou.
Quando me sondaram para uma vaga de emprego.
Quando consegui um emprego novo.
E quando não me escolheram.
Foto para provar que estou fazendo exercício físico.

Você é a primeira pessoa para quem eu conto tudo.
E eu fui notando isso sem calcular.
De início parecia um jeito de puxar de conversa, depois passou a ser uma necessidade.
Tem vezes que a necessidade é só te fazer dar alguma risada.
Em outras é te avisar de algo que talvez não tenha visto.
Em muitas é desabafar.
Em todas eu me sinto bem.
Em todas me sinto amparado e eu não lembrava como é bom me sentir assim.
Gosto de te convidar para os micros momentos da vida.
E isso não significa que você precisa ser do mesmo jeito que eu; isso é sobre mim.

Quando eu percebi que você passou a ser primeira pessoa para quem eu conto tudo, eu entendi como tudo passou a me empolgar.
E aí não foi “do nada”.
Foi porque existe você. E é gostoso falar de tudo com você.
Você reage aos meus assuntos.
Pergunta sobre o meu sentimento.
Se disponibiliza para me ouvir ou para qualquer tipo de ajuda.
Me encoraja a tomar decisões que eu hesito.
Não passa pano quando a sua opinião é que eu errei.
Sente raiva junto comigo.
Fica feliz por mim.

A primeira pessoa para que eu conto tudo, também é a pessoa cuja eu mais posso contar para tudo.

por Márcio Rodrigues
umtravesseiroaradois@gmail.com