Essa não é uma pergunta para eu te fazer.
É uma pergunta que eu me faço sempre que a gente se vê.
Quanto melhor a nossa história fica, mais medo eu sinto.
Eu me saboto. É uma droga.
A culpa disso é de boa parte das pessoas que conheci antes de você.
O roteiro era parecido: a gente se conhecia, começava a conviver e depois elas decidiam interromper. E os motivos são os mais diversos – mas isso é outra história.
Acontece que agora eu meio que me freio aproveitar tudo o que eu sinto.
Ao invés de um começo de relação, eu passei a sentir uma contagem regressiva para quando acabar.
Meu entendimento do que é uma história boa foi contaminado por todas as ruins que já tive.
E isso acontece agora com a gente, ou melhor, comigo.
A gente vai entrando na vida um do outro, criando intimidade e chegando perto de fazer planos quando, de uma hora para a outra, a mesma pessoa que fazia parte da minha rotina passa a fazer parte só do meu passado.
É bem cansativo viver esse ciclo.
E eu acabo colocando em mim toda e qualquer responsabilidade, ainda que não seja minha.
E pior: como eu disse, eu acabo me travando.
Começar pensando no fim me dá muita ansiedade.
Isso faz com que eu meça minhas reações diante das coisas legais que você faz pra mim.
E aí eu demoro para responder um pouco.
E falo que não posso no fim de semana.
E abro a minha conversa com você querendo enviar coisas que eu só digito e apago.
Uma bosta. Você vai embora quando eu começar a gostar de você?
Quando eu te convidar para conhecer espaços da minha vida que ninguém conheceu?
Quando eu sentir que você quer passear de mãos dadas comigo?
Quando eu passar a ouvir a rotina do seu trabalho?
Quando minha mãe perguntar sobre você?
Quando a gente combinar quais séries um pode assistir sem o outro?
Você vai embora?
Eu penso tanto e em tudo.
E tudo isso são coisas que eu não preciso te contar porque eu vou te colocar numa posição de me dar garantias e tem erro demais nisso. Primeiro, te constranger, segundo, responsabilizar e terceiro, mas não menos importante, eu confiar.
Acho que é menos sobre você dizer que vai ficar e eu me envolver nesse aceno.
E mais sobre eu aproveitar enquanto você está aqui.
Sem contar que pode ser que quem não queira ficar sou eu.
Imagina?
Eu não.

por Márcio Rodrigues.
@umtravesseiroparadois