Isso não está bom.
Você já não é feliz nessa história há muito tempo.
A soma de fases ruins ultrapassou as boas.
Dias estranhos.
Como que agora é mais legal quando a pessoa vai embora do que quando ela chega?
Que sensação estranha quando a notificação é da pessoa no celular.
Muita pergunta aparece na cabeça.
Você passa a pensar que o problema é você – essa tendência horrível que temos.
Algumas pessoas trocam o guarda-roupas, deixam de usar aquelas que gosta. Passam a medir as palavras. Com o disfarce em agradar o foco é evitar brigar.
Autoestima que já é mínima fica em migalhas.
E assim você já não é você e nem percebe.
O foda é isso: não perceber o quanto a gente se perde.
Essa pessoa está te destruindo.
Aos poucos, mas há muito tempo.
Pescar na memória um dia bom é quase impossível.
As suas vontades são abreviadas com um discurso meticulosamente manipulador.
Não dá mais vontade de opinar em nada porque o sentimento é de medo.
O tom de voz faz as mãos transpirarem e o choro vem com a noite.
Raramente existe diálogo. Você se vê coadjuvante da sua vida.
No entanto, quando te perguntam sobre vocês a resposta decorada é muito mais rápida que a verdadeira: “Tá tudo bem sim! : )”
Digita : ) querendo escrever : ‘(
Mas falar que não tá bem para quê?
Nem todo mundo está pronto para ouvir que as coisas não estão bem.
Não tá nada bem, mas tudo pode voltar a ficar.
Vai demandar um esforço e provavelmente um pedido de ajuda de alguém que vai ver de fora.
Alguém com preparo para te ouvir sem apontar o dedo.
Você não precisa saber todas as respostas. Tem gente especialista em analisar histórias como a sua.
É um processo cuidadoso com um só objetivo: priorizar você.
Decifrar como os nós foram feitos para saber como desatá-los.
É também sobre tentar, um pouquinho por dia, olhar para si antes de olhar para qualquer pessoa.
Essa pessoa está te destruindo mas isso não aconteceu ainda.
E muita, mas muita coisa boa foi vivida antes desse alguém aparecer.
É bom lembrar das coisas boas que já vivemos para nunca esquecer de como são possíveis de serem vividas novamente.
Tem gente próxima que diz que é uma questão de querer resolver.
“No seu lugar, faria isso e aquilo”.
Muita coisa parece fácil até acontecer com a gente.
Vão continuar falando.
Escuta: a notícia boa é que tem saída para isso.
Toma cuidado em não se culpar. A última coisa que você precisa é atribuir à você a responsabilidade por alguém se transformar.
Isso não está bom.
Você já não é feliz nessa história há muito tempo. Você tem clareza disso.
Respire. Procure ajuda. Fique perto de quem confia.
Tudo vai se resolver e você vai confirmar que, pode até tropeçar, mas é preciso muito mais para te derrubar.
por Márcio Rodrigues.
umtravesseiroparadois@gmail.com

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