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Vem Cá, Não Precisa Falar Nada

Deixa a voz falhar.
Encosta a cabeça, sente meu cheiro e suspire devagar.
Aqui a música é do meu coração feliz por encontrar o seu.
Ele aumenta de velocidade quando você diminui a distância de mim.
E é assim comigo todas as vezes desde a primeira vez.

Tem coisas que precisam acontecer.

Tenho um passado que não me traz sorrisos, mas este mesmo passado me trouxe até aqui e tenho certeza que se eu não vivesse o que vivi, jamais saberia o que é esse tal de valor as pequenas coisas.

As coisas que a gente demora pra aprender são as que nunca devemos esquecer.

Faz parte. Ninguém nasce sabendo de tudo, embora desde muito pequenos já aprendemos o que não podemos fazer. O critério sobre o que é certo ou errado, em tese, é o mesmo sobre o que vale dar valor ou não. As lições são as mesmas, as escolas que mudam e na escola da vida, só cabe 1 aluno por unidade.

Aqui eu já sequei minha lágrima, lembra?
Aqui também eu já te segurei pra tentar te fazer parar de chorar. Eu lembro.

É no silêncio do carinho que as boas intenções fazem morada.

Em outras palavas, até aqui e sobre “aqui” estou falando do nosso abraço e em como eu não sou nada sem ele.
É pertinho de você, entre os seus braços com suas mãos indo e voltando pelas minhas costas, junto ao seu cabelo e deitando no seu ombro, é onde eu gosto de ficar.
E tudo é ainda mais verdade quando é o nosso abraço deitado.

Quando a gente deita e eu te vejo de baixo para cima fazendo do meu peito seu travesseiro e meu coração falando coisas diretamente pra dentro do seu ouvido, é que eu celebro o meu passado por me deixar viver isso.
As coisas não mudam muito quando sou eu quem te vê por cima. Deitado sobre você com os cotovelos na cama, cabeça acima dos seus seios, queixos aproximados e a nossa respiração ofegante. Te ouço falar enquanto meço cada centímetro do seu rosto com a ponta dos dedos, aliás, as mesmas com que percorro seus lábios e saio tentando medir a sutileza com que você se expressa ao falar. E tudo isso acontecer devagar, enquanto a gente conversa.

Também é especial quando o sono vem.
De costas para mim, me aproximo e nossos corpos se encaixam como peças de engrenagens. Você se encolhe pelo frio da madrugada e eu te trago ainda mais pra perto como se eu falasse: “Não precisa se preocupar, estou aqui e aqui eu vou ficar”.

Falaria sobre nosso abraço por horas.
E quando eu toco a campainha e você vem abrir o portão? Ali se faz o nosso mais sincero abraço saudade. O primeiro das próximas horas, o mais faminto e talvez o mais longo. Toda vez você reclama que está descabelada e a verdade é que nesses momentos eu nunca reparo no seu cabelo. Abusada, quando faz frio, procura se aquecer colocando uma das mãos por baixo do meu moletom e minha camiseta, ou seja, gelando minhas costas com suas mãos de tão frias.

A gente gosta de transformar as coisas.
E o mais legal é que isso é natural. Sempre – e sem querer – encontramos alguma forma de fazer com o que o próximo abraço seja sempre melhor, apesar de algumas dificuldades. Tipo quando eu te busco de carro, parando em local proibido, te pedindo pra entrar rapidinho. Ali o abraço é adiado até o próximo momento de tranquilidade.
Tem também aquele que a gente dá escolhendo um filme no cinema. Um ao lado do outro, desocupamos uma das mãos para apontar os horários nos televisores ou para um segurar o jornal com a programação, enquanto o outro aponta as sessões.

Meio sem jeito, – lembra? – é quando tentamos também nos abraçar em algum show de uma banda que gostamos. Engraçado, no entanto, que esse absurdo da física de tentar fazer duas coisas ao mesmo tempo até que faz sentido, porque a gente consegue, sabe lá como, curtir abraçados. É algo sobre viver um momento bom e querer compartilhar cada segundo um com ou outro. A gente não se gruda, mas também não nos policiamos.

Por isso, fica aqui, pode ficar. E se quiser, nem precisa falar nada, deixa a voz falhar. Encosta a cabeça, sente meu cheiro e suspire devagar.
Aqui, do jeito que a gente está, depois de me ouvir tanto falar.
Continua aqui descansando no meu ombro enquanto pego uma porção do seu cabelo e me divirto em colocar e retirar de trás da sua orelha.
Se um dia esse meu abraço não bastar pra você, acredite, ele continuará sendo igual e pra sempre vai saber como se comportar quando que te ver.

Agora, vem cá.
E fica aqui.

(Texto especial pelo Dia do Abraço!♥)
CURTA: www.facebook.com/umtravesseiroparadois =)

Sobre o Prazer Em Dividir a Pipoca

Leia ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=vOL-AvxD9w4

Me pego rindo sozinho de quem eu sou.
Além disso, rio do que gosto e de como gosto.
Quando tenho motivos convincentes pra celebrar, canto meus refrões até que eu perca a voz. E tem acontecido isso com frequência, e até que me provem o contrário, isso parece ser bom.
Engraçado que quando acham que estou triste, eu só quero que não achem nada de mim, no entanto já entendi que a minha diferença para uma porção de pessoas é que eu amplifico as coisas que sinto, do riso ao choro. Por outro lado, tem gente que prefere sufocar. E de sufoco na minha vida já basta a rotina.

Já faz um tempo que comecei a praticar uma nova forma de ver as coisas. De fato não foi algo fácil, mas hoje vejo que vale muito a pena.
Sobre as coisas que não me trazem sorrisos, tenho tentado ver de modo que precisavam acontecer para que eu pudesse chegar onde estou. É claro que sem elas possivelmente eu chegaria aqui também, mas eu seria outra pessoa, menos forte. As dificuldades me tornam invencível. Já sobre as coisas onde meu riso é solto, ah todas elas, que particular de sentir… “Coloca um riso na sua cara depois de abrir os olhos todos os dias!” entoam os mais sábios. Pois bem, é com base nessa receita que tenho vivido. Quando percebo que nasce um motivo para o meu coração acelerar, trato de aproveitar todas as batidas. Quando vejo que um sorriso pra mim foi dado, no mesmo momento retribuo com o melhor que eu puder dar.

Há quem diga que esse comportamento é a materialização das pequenas coisas. Essas pessoas estão certas!

Veja, seria muito fácil e totalmente comprável manter um discurso de felicidade gratuita, como quem não se vê chorar. Só que não é essa a questão aqui, até por quê me arrisco a dizer que a lágrima é o recheio da vida.

A verdade é que se a gente parar pra pensar, vamos perceber como temos mais motivos pra felicidade do que pra qualquer outra coisa. E nos clichês da vida nós podemos confiar.

Estou com saudade de me banhar na chuva. Quando criança, minha preocupação era voltar pra casa com roupa molhada e ter que ouvir minha mãe esbravejar, hoje penso no resfriado que posso pegar depois. Idade inconveniente.
Entre os planos para a próxima semana está o de me permitir mais, exatamente como eu fazia por essência quando criança. Continuamos as mesmas pessoas, eventualmente com alguns quilos a mais e uma porção de contas para pagar no começo do mês, mas isso não pode ser algo que nos prejudique e mude quem somos.

Por isso que faz tão bem ter a segurança de um abraço sincero. O momento do abraço é o mesmo momento em que ficávamos embaixo do edredom com medo dos trovões: o único lugar onde nos sentíamos seguros. Percebe que continuamos os mesmos e que só mudamos os cenários?

Na época da escola a gente gostava de pessoas que nem sabiam disso. E depois de adultos continuamos iguais. A diferença é que a vida nos apresenta um negócio chamado “indireta” e a gente faz uso dela a torto e a direito. Que adultos, não é mesmo? Na 5ª série a gente até fazia algo parecido, mas tentando chamar a atenção para que fôssemos percebidos. Continuamos iguais.

Hoje se temos vontade de tomar um chá, vamos até a cozinha e o preparamos; pegamos o carro ou o transporte público e saímos para comprar. Quando criança, era só pedir para os nossos pais.

Desde pequenos nós aprendemos como é bom ter um abraço. Em geral, isso era mais frequente nos dias de aniversário quando éramos o motivo de celebração. Depois de mais velhos, raros são os aniversários em que ainda há bolo. Substituímos nossa casa por um bar legal que agrade à todos, eis o momento em que deixamos de ser o motivo e nos tornarmos criadores de motivos. O lado bom é que os abraços continuam os mesmos, as ocasiões é que mudam. Deixamos de cumprimentar nossos amigos com aperto de mão e beijo no rosto como fazíamos na escola e começamos a distribuir abraços em todos que nos fazem bem. Há amor, de uma forma singela, mas há. Mas as formas singelas não são as melhores?

Outra diferença é que quando somos mais novos, não há problema na vida contanto que tenhamos os amigos por perto, com eles tudo é perfeição. Quando crescemos, tudo fica mais especial quando encontramos nossos amigos e estamos acompanhados de outra mão dada a nossa. São multiplicações e variações de bons sentimentos. Novas formas de pensar, velhas formas de agir. Velho amor de um novo jeito.

Vou dizer que tenho histórias pra compartilhar que garantem uma dúzia de risadas a quem eu contar. E além disso, tenho certeza que com o resto do dia que terei hoje, somarei então mais uma quantidade de histórias e ocasiões.

A vida só é normal para quem quer que seja.
Nem as batidas do nosso coração são lineares, por quê deveríamos ser?

Já comentei sobre a minha nova prática? Procuro ver as coisas de um jeito diferente! Não me contento com um único ponto de vista! Não quero estar certo sempre! Não quero discordar sempre! Quero ser contrariado, quero ser convencido de que a minha forma de pensar não é a única… Quero muita coisa.

Me pego sozinho rindo de quem eu era.
E de quem eu sou.
Continuo o mesmo.
Por essência, continuamos os mesmos.

Há fases em que deixamos de ver com os olhos para vermos com o coração.