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Me Deixa Ir Já Que Você Não Quer Ficar

Esse mundo já pode parar pra eu descer.
É que a gente – mundo e eu – não tem combinado muito bem ultimamente ou é só uma questão de ponto de vista. Não sei ao certo se estou pronto pra esse mundo ou se é ele que não está pronto pra mim. Das únicas certezas, uma dela é que eu não estou mais a fim de sofrer. Não por você, exatamente.

Durante muito tempo me dediquei em dar palavras que te estimulassem a ver a vida e os problemas dela com outros olhos. Nunca me importei em passar horas no telefone te ouvindo falar as mesmas coisas, enquanto eu me esforçava pra te explicar outras mesmas coisas de formas diferentes, enquanto eu me esforçava pra falar alguma coisa que te fizesse parar de chorar que te fizesse esquecer a parte ruim da vida.

Lembra, eu me dediquei.

Nesse tempo eu me superei. Fiz coisas que me impressiono até hoje ao lembrar, ultrapassei todos os meus limites com o objetivo de te ver bem. Eu nunca esperei nada em troca.

Me valia ver reciprocidade em um sorriso seu.

E sabe, eu suportei tanta coisa que você fez que acho que nem faz ideia e nem adianta fazer o discurso furado de “um dia eu vou pagar por não te valorizar” porque ele não me traz de volta os dias que já passaram e as páginas que já escrevi. Deixei de fazer muitas das coisas que eu gosto, deixei de aprender novas coisas, conhecer novas pessoas, só pra correr atrás dos teus sonhos, das tuas metas de vida. Não me arrependo, pois em um certo momento eu me vi dividindo suas conquistas e me preenchia te ver feliz com a minha ajuda, me preenchia ser útil pra você.

Tão importante quando a nossa própria felicidade é a que a gente proporciona.

Nas minhas voltas pra casa eu só pensava em alguma maneira de te surpreender. Já sabendo seu gosto, me atentava as novidades no fim de semana pra quando a gente fosse se ver eu mostrasse algumas coisas que consegui pra gente. Shows, cinemas, restaurantes ou até mesmo horas ouvindo música falando sobre a vida. Nunca me importei com o que eu fosse fazer, contanto que fosse com você.

Quando eu gosto, gosto tanto que gosto por dois.
E isso não é sufocar ninguém, o tal do “acho que você gosta mais de mim do que eu de você” é só uma desculpa pronta pra justificar sentimentos reais, pois se as pessoas soubessem valorizar o quanto é bom ter alguém que gosta da gente incondicionalmente, certeza, eu ia gostar mais desse mundo. Quando eu falo sobre gostar por dois significa que literalmente vivo a história que eu escrevo, que eu realmente fico mal quando alguém que eu gosto não está legal, ao passo que fico igualmente feliz quando vejo o mesmo alguém feliz. É fácil mas as novelas só confundem em efeito viral.

Aparentar uma vida que não é a nossa, um sentimento que não é o nosso, só nos faz perder tempo com coisas que realmente gostamos e com motivos reais para inspirar bons dias.

Sentimentos bons e ruins disputam um mesmo coração onde nós somos os juízes.

Só que aí você partiu.
E eu deixei.
Lutei contra a minha cabeça e todas as minhas vontades. Pensei muito se era isso mesmo que eu gostaria, e apesar de concluir que não era, percebi que era algo que eu não poderia evitar, que nem sempre a vontade supera a necessidade.

Vivi sobre a dor de querer uma coisa, mas precisar fazer outra; precisar aceitar outra.

Então me vi numa luta que não ia chegar a lugar nenhum e por isso te deixei ir. Resolvi te deixar voar pra bem longe dos meus olhos, mas nunca te senti longe do meu coração.

A gente precisa respeitar a velocidade com o que o relógio trabalha.

De longe te vi na vida que sempre quis. Só observava como você parecia uma pessoa completa, e embora as coisas estivessem diferentes entre nós, eu ainda me sentia bem em te ver bem. E sempre odiei essa minha bondade em demasia.

Pena que de todas as coisas que mudaram durante todo esse tempo que a gente ficou longe, o que eu sinto por você continua lá no último lugar na fila de mudanças, deixando com que outras coisas passem à frente. Isto é, o tempo muda nossas vidas mas nem sempre o sentido delas. Por isso, de uma maneira injusta e até mortal, vez ou outra me pego aqui querendo te ver feliz, me pego te fazendo ser de novo um sentido na minha vida, pois todo o sentimento que cultivei ainda rende frutos aqui em mim.

Essas e outras coisas você não precisa ouvir da minha boca por ti já beijada. Eu não quero mais me fazer presente na sua vida, não quero ser nada além de um contato no seu número de celular no caso de urgência. E querer ser isso, ainda é muito!

Eu preciso que você também me deixe partir.
Já que eu não consigo viver em outro planeta que não seja o mesmo que o seu, eu preciso encontrar maneiras de viver outro oxigênio e de não mais partilhar da sua companhia, da sua risada terrivelmente contagiante e do seu jeito de mover os lábios ao dizer.
Preciso respirar inéditos ares, preciso viver pra ver se só eu sinto o que eu sinto, se algum dia alguém vai sentir por mim o que eu senti – e droga, ainda sinto! – por você. Então, por favor, me deixa ir também.

Já que o mundo ficou pequeno demais pra nós dois, pega ele pra você.

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Sobre Ter o Que Contar, Mas Não Contar Com Ninguém

O mundo pesa muito nas nossas costas.
É tanta pressão nos cercando todos os dias que a vontade mais forte que às vezes vem à cabeça é de jogar toda essa merda pro alto e largar tudo e todos.
São dedos apontados na nossa cara acompanhados de uma cobrança de que devemos ser melhores, de que devemos ganhar mais dinheiro, de que devemos ter o sorriso do comercial de creme dental, de que devemos vestir a moda ao invés de roupas confortáveis, de que precisamos ter os melhores aparelhos simplesmente pra mostrar que temos, de que devemos, de que devemos, de que devemos… E ninguém para, senta ao nosso lado e pergunta: “Tá tudo bem com você? Conta o que está acontecendo” ou “Como você está bem, gostei da sua roupa! É bom te ver feliz!”.

Tem pessoas que seguem o lema do “minha vida vai bem, espero que a sua também”.

Se o motivo da dor for carência, nada como uma dose de chacota com uma pitada de “nos olhos do outros é refresco” pra resolver.
Pelo menos é assim que agem as pessoas que possuem esgoto e não sangue correndo nas veias.
Já se a dor for a falta de reconhecimento ou um desânimo com o calendário sem novidade, é de se esperar o discurso de que “tudo tem sua hora”. É como dizer que para um bolo ficar pronto é necessário ir ao forno. Disso, todos sabemos.

Apesar de reais, tem vezes que o silêncio pode ajudar mais que os clichês.

Voltando à cobrança. Esse nosso mundo é mais feito pelo que parece ser do que pelo que realmente é. Você pode até não ser bem sucedido, mas tem que aparentar, e para tal, vale até comprar um carro parcelado em 434345354x ou o celular mais moderno só pra não se sentir excluído diante das pessoas que, aparentemente, são felizes e “atualizadas”.

Pra quê ser, se podemos aparentar?

Pra quê sentir, se podemos omitir?

Pra quê chorar se podemos postar “hahaha”?
Pra gente mostrar como somos fortes e gritar pro mundo que a nossa vida é legal e que as coisas sempre dão certo. É por aí. A escolha é nossa.
Não é nada mais que uma gigante, pesada e agressiva ilusão.

Em contrapartida, tem as pessoas que fazem de uma unha quebrada motivo para UTI. Já dizia a música “sofrer para despertar audiência”. Gente que prefere gritar pro mundo o quanto a vida não está boa do que fazer alguma coisa para mudar tudo.

Essa merda toda cansa à qualquer um que tenha coração.

É tanto sentimento que a gente se afoga sozinho.

Temos que fazer parte, temos que fazer sentido, temos que nos destacar, temos que nos superar, temos que ultrapassar, temos que ganhar tempo, temos, temos e temos. Eu temo é pelo que podemos nos tornar. Temos que fazer tanta coisa que esquecemos de fazer o que mais sabemos: ser nós mesmos. Ser eu, ser você, sermos nós. Recheados de defeitos e roupas nem sempre de marca, com gostos populares na culinária e atual domínio em uma só língua. Ser nós mesmos é admitir que gostamos da música que todos fazem piada, é não ter vergonha de não saber lidar direito em uma mesa com tantos talheres, pratos, entradas, petiscos e o escambal. Só a gente sabe do que a gente precisa e em tudo que precisamos melhorar, afinal, seja a dor ou a felicidade, quem viverá cada uma delas seremos nós mesmos, sozinhos, sempre e pra sempre. Ser o que de fato somos não nos faz pior que ninguém que saiba ser além.

As lições são as mesmas para todas as pessoas, o que muda é o nosso ano na escola.

Sobre “só a gente saber do que precisamos”, é claro que contamos e muito com a ajuda das pessoas que gostamos. No assunto em questão, no entanto, digo sobre eu, sobre você, sobre nós, sobre a gente, momentos antes de colocar a cabeça no travesseiro. Ali, naquele momento, no fundo nós sabemos, nunca terá ninguém pra enxugar a nossa última lágrima, tão menos terá alguém pra assistir o nosso mais bonito e sincero sorriso celebrando o dia feliz que vivemos.

Na viagem dos sentimentos, as pessoas são as passagens para os eternos destinos.

Embora grande demais, a gente coloca o mundo inteiro nas costas, e pra completar, as pessoas são egoístas demais pra ajudar a gente à carregar, ou são prestativas demais a ponto de quererem o mundo só pra elas.

Ninguém nunca vai entender como é difícil esquecer um amor que doeu, tão menos como ainda dói ver a foto que já fez sorrir ou como corta o peito sentir o cheiro que já fez suspirar. Ninguém vai entender como a tua página pesa pra virar, ninguém vai entender as coisas que a sua cabeça solitária pensa. E isso não é problema, isso é verdade, uma verdade cruel, mas ainda assim verdade, ainda assim melhor que qualquer vã esperança. Talvez seja a deixa da vida para que arregacemos as mangas.

Pode parecer um egocentrismo barato, mas se a gente não encontrar as respostas dentro da gente, ninguém vai chegar na porta da nossa e dizer: “Oi, sei como resolver os problemas da sua vida!”, ainda mais se tratando de um mundo onde tudo que as pessoas mais querem é pisar em problemas ao invés de resolverem. É uma defesa ingênua pensar que o fim de semana frenético te alivia a tensão da segunda-feira à seguir. Obviamente, não é justo que sejamos reféns destes mesmos problemas, o que acontece é que não podemos viver como se eles não existissem.

Problemas não resolvidos são como machucados não remediados.
As cicatrizes não aliviam o peso do mundo mas dão mais força pra gente suportar.

Enquanto Pensa Que o Mundo Gira ao Seu Redor, Ele Te Enforca

Leia ouvindo:

Sabe quando você termina de ler um livro e não vê a hora de começar outro?
Então, você foi como um livro na minha vida. Recheado de histórias, capítulos empolgantes, outros nem tanto e um final inesperado, como todo livro deve ser, assim foi com a gente e essa é a verdade.

Sinceramente? Não tenho muito do que reclamar não. Foi uma história boa e que sobretudo me fez aprender muita coisa, me fez aprender a lidar melhor com as pessoas e me permitiu conhecer mais de mim mesmo.

Aprendi também que por mais bonito que podemos imaginar, nem tudo sai conforme o planejado.

E tudo isso compõe essa loucura que é viver, onde um dia desabamos em sentimentalismo sincero por alguém que felizmente nos corresponde, enquanto no outro dia nos vemos segurando com todas as forças na ponta do penhasco, depois de termos sido empurrados, sendo alvo de uma plateia que sorri, aplaude e anseia por uma possível morte nossa. Digo “plateia”, porque infelizmente algumas vezes deixamos que a história seja invadida por pessoas que não acrescentam em nada, e muito pior, mais opinam sobre o que deve ser feito em uma porção de situações ao invés de manterem o silêncio e, pelo menos, fazer torcida para que as coisas se acertem.

Você foi covarde e se rendeu pra meia dúzia de lixo de palavras ditas por outra dúzia de pessoas mais lixo ainda.

Só que pra você está tudo bem, pra você não foi nada disso e tudo é coisa da minha cabeça e ainda teve coragem de alegar que “Gostamos um do outro de formas diferentes”. Fico me perguntando por quê não te mandei ir à merda quando me disse isso.
É claro que gostamos um do outro de formas diferentes! Pra começar, eu nunca competi meu sentimento com o teu, eu nunca quis me colocar à frente, eu nunca quis impressionar, eu nunca quis chamar a sua ou a atenção de seus amigos, eu nunca me importei com mais ninguém na nossa história que não fosse a gente. Por isso, entenda, por favor, coloca na sua cabeça, por isso que você de alguma maneira, cedo ou tarde, vai sentir na sua pele tudo o que me fez sentir. Você vai encontrar pessoas na sua vida que vão pisar no seu coração de um jeito que vai doer tanto que você lembrar do que fez com o meu.

Eu não te desejo mal, só te desejo o dobro de tudo que me fez passar.

Entenda que eu torço pelo teu bem, quero te ver feliz com alguém que te convença que está tentando. Só que eu juro, é sério, eu juro, que se você vir atrás de mim pra pedir desculpas, pra falar que errou ou pra qualquer coisa do tipo, eu vou te ignorar e virar de costas. Você precisa chorar, você precisa sofrer, você precisa passar necessidade, precisa sentir solidão, precisa ver que perdeu o controle, que ninguém gosta de você, que todo mundo quer viver a própria vida e que ninguém se importa com a sua como você tanto acha.

Você precisa sangrar pra ver como dói e aprender a não fazer outras pessoas sangrarem.

Por mais que pareça, entenda, eu não te desejo mal. Só estou dizendo que continuar tendo a vida que você tem, se achando a verdade em pessoa e pouco se lixando pelos sentimentos bons que as pessoas direcionam pra você, você vai se dar muito mal e isso é só uma questão de tempo.

Eu não tenho o poder de nada, só acredite na lei do troco. Pagou fazendo sofrer, adivinha qual é o troco?

Você foi um belo livro, profundamente inesperado, especialmente pelo fato de me fazer ver que nem sempre o final é feliz.
De todas as páginas, vou pegar as boas pra me fazer melhor e as ruins vou fingir que nem escrevi nada.

Corre lá atrás de todo mundo que você ouviu, todo mundo que já tem alguém, já tem a quem se preocupar, e vai lá ver se alguém vai se importar com você como você pensa. E se ninguém se importar, vai lá encontrar respostas nos convites para a próxima balada.

A vida não é igual aos filmes.
A vida é carne, osso, sangue e coração.