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Fez comigo hoje o que fiz com alguém ontem

Eu entendo que você não quer mais.
Parece ontem que eu estava no seu lugar com outra pessoa e imagino que o vazio que você me faz sentir agora foi o mesmo que fiz aquela pessoa sentir.
Quando acontece com a gente é que damos conta que a nossa vida é mais igual do que imaginamos. Nós temos essa mania de garantir que quando for a nossa vez não vai ser tão ruim; que quando for a nossa vez nós vamos saber como reagir – a julgar pelos conselhos que damos como se soubéssemos as respostas das coisas -, mas pensar assim é um erro. Sou humilde o bastante para entender e respeitar que hoje você não me quer mais assim como um dia eu não quis mais um outro alguém – e como isso é difícil de engolir.

As coisas não acontecem na velocidade que queremos. Elas acontecem.
Esquecer você é o tipo de coisa que eu não tenho como fazer acontecer rápido como eu gostaria. E nem sei se deveria se eu pudesse.

Querendo ou não, a minha vida vai seguir como já seguia antes de você aparecer. As minhas contas não vão parar de chegar e eu não vou poder ficar em casa uma semana sem trabalhar, nem muito menos descontar na minha alimentação toda essa mistura de sentimentos que sinto agora que você não está mais por aqui. Mas isso é algo que só vou saber lidar uma coisa por vez, quando cada uma delas acontecer. É bobagem eu me precipitar e mergulhar numa saudade que ainda não faz parte mas que sei que vou sentir. Quem sabe no fim o nosso fim pode chegar ao fim mais rápido do que imagino?

Alguns amigos e muitos refrões sentam nos meus ouvidos me convidando para fazer coisas que ocupem minha cabeça. Valorizo a iniciativa, mas não pretendo me forçar esquecer de algo que tem a me ensinar. Eu nunca tive pressa de viver e não vai ser agora que eu teria. Sei que falando assim pode soar como que se eu estivesse comemorando essa fase do luto, essa fase da dor, essa fase da ausência, só que é muito pelo contrário.

Eu só prefiro pensar que antes de recomeçar eu preciso entender que acabou.

E durante esse processo, que não tem prazo, vou visitar cada lembrança, ainda que devagar a dolorosamente. Este fim pode me ser útil! Posso ver este fim como uma interrupção para as melhores coisas da minha vida, algo como um aviso de: “Opa, alguma coisa está estranha e é melhor parar por aqui”. E tenho meus motivos para pensar assim. Basicamente porque eu tenho certeza que tudo que fiz enquanto nós éramos dois, foi tudo aquilo que eu gostaria que fizessem pra mim enquanto fui um. Talvez não exatamente da mesma maneira que você, talvez não com as mesmas palavras, não do mesmo jeito, mas sim, eu sempre me dediquei e sempre dormi com a certeza de que eu estava me esforçando e acordava feliz em te ter nos primeiros pensamentos do dia.

O tempo que as pessoas ficam na nossa vida é o bastante para nunca mais saírem dela.
É por isso que tem beijo que lembramos mais do que histórias inteiras; noites que gostaríamos de reviver muito mais do que longos anos. Não somos nós que determinamos o prazo das pessoas ficarem na nossa vida, elas simplesmente ficam e se escondem no tempo. É besteira lutar contra, besteira se desesperar para encontrar um espaço para alguém novo ocupar. Cada pessoa tem um espaço nos nossos dias e uma importância em nossa vida.

Eu entendo que você não quer mais.
Ontem eu não quis outro alguém também.
Mas eu sou feliz pelo tempo que esteve por aqui. Gostei de conhecer teus gostos e agradeço por crescer um pouco ao seu lado. É claro que eu não esperava tudo isso agora, mas do mesmo jeito que vai embora eu não esperava a sua chegada. São proporções iguais com sentimentos diferentes. Eu sei como é, já estive em seu lugar.

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AVISOS!
1) Domingo que vem, dia 08, estarei aqui: https://www.facebook.com/events/636389329822109/?fref=ts
2) Recebi um comentário que me fez pensar: Vocês acham os textos muito longos? Me digam suas opiniões pois uma leitora disse “que eu deveria escrever textos mais curtos” e preferi pensar junto com vocês.
3) Sei que estou demorando para responder os comentários 🙁 mas essa semana pretendo colocar tudo em ordem. As coisas estão corridas no mundo real! 🙂
4) Faça alguém feliz hoje.
5) Sempre amor.

 

 

Do jeito mais difícil, mas eu aprendi

Vou te falar quem você foi pra mim.
Muito mais do que um novo contato no whatsapp, você foi quem gostei de me entregar para ser alguém que eu pudesse sempre lembrar. Você nunca vai fazer ideia das coisas que eu pensava para nós dois e em como pouco a pouco fui gostando da ideia de ter sua presença para acabar com a falta que uma palavra boa me fazia.

Eu teimei em querer controlar as coisas e cheguei a pensar que te revelar o que sinto, passando por cima de mim mesmo, fosse algo forte o bastante para te fazer ficar.

Quem é que usa a cabeça para pensar enquanto o coração não para de gritar?

E logo eu que parecia viver refém do calendário, logo eu que cheguei a ter certeza que bosta nenhuma mais valeria a minha vida sem ter a sua comigo, logo eu, sério, logo eu que sou esse monte de sentimento que muitas vezes nem mesmo eu entendo, logo eu, hoje, me vejo aqui mais vivo do que nunca desde quando você se foi.
Eu simplesmente parei de tentar te esquecer e escolhi deixar de lembrar de você.

As escolhas que fazemos fazem o que somos.

Eu lembro de como foi ter que trocar seu nome no celular – tirar o apelido do sobrenome, lembro como foi ver morrer a nossa rotina de conversar o dia todo, lembro como foi terrível deletar nossas infinitas conversas, lembro como foi deletar as fotos que postei de nós dois – fotos que postei no meu instagram, onde compartilho parte da minha vida com o mundo, compartilho como vejo o mundo – lembro como foi deixar de ir na sua casa, lembro de cada miserável detalhe.
Essas são coisas que eu não vou esquecer mas eu já deixei de lembrar.

Hoje sou eu que não vejo espaço na minha vida para a sua ficar.

Foi você quem me mandou embora sem chance de volta. Foi você que fez com que eu deixasse de te admirar e começasse a te evitar, foi você que chegou a me fazer pensar que eu estava certo em deixar de ser quem eu sou só para te agradar. A que ponto cheguei! Mas acabou.

Eu não quero te responsabilizar por eu não mais me sensibilizar com você.
Estas não são palavras de alguém que não consegue superar uma dor, são palavras de alguém que enxerga o lado bom das coisas ruins e que, portanto, entende que essas mesmas coisas nem são tão ruins assim.

O que sobrou ao te ver fora da minha é um lugar bom para que alguém melhor possa chegar.

E porra, eu devo acreditar em mim e em como eu posso ser feliz! Quem é que vai me fazer acreditar a não ser eu mesmo? Em quem devo confiar mais que a mim mesmo? Quem vai me ajudar a ser alguém melhor se eu não entender e querer ser alguém melhor?
Eu sou a minha melhor companhia e sou eu quem escolhe quem pode me ajudar nessa caminhada da vida. Não me arrependo do que vivemos mas vivo ansioso em viver algo ainda melhor com alguém novo.
Me sinto bem em ter aprendido que eu tenho meu jeito e não posso esperar que tenham o mesmo que o meu, e que sequer, entendam. Aprendi que não erro em ser quem sou, mas que talvez nem todo mundo mereço o que eu sou. Aprendi que peco pelo excesso, mas que são excessos sempre para o bem, sempre para fazer o bem, sempre sobre sentir o bem – e como é bom fazer bem. Pelo bem do cuidado, o bem da saudade, o bem do beijo e o bem do caminhar de mãos dadas na companhia das risadas somadas.

É isso que você foi pra mim.
Alguém que me mostrou como sempre existe alguém que pode nos fazer melhores, alguém que me mostrou que eu sou uma pessoa do caralho e que tenho qualidades capazes de equilibrar meus defeitos, alguém que me mostrou que meus sonhos estão de pé e que cada vez mais eu me sinto mais perto deles. Alguém que me ajudou ainda que através da dor, alguém que me fez comer o pão que o diabo amassou para que eu pudesse ver o meu valor e para que eu pudesse ver que, ironicamente, você não conseguiu ver isso em mim.

Foi bom te ter aqui, mas foi melhor pra mim te ver partir daqui.

A gente nunca vai se esquecer

A gente nunca deixa alguém 100%.

Tipo, ninguém nunca sai da vida de ninguém por completo.
Aí depende da gente julgar até que ponto isso é bom e ruim. Um lado bom é que as lembranças e lições que vamos levar pra sempre são motivos pra gente ser melhor todos dias, não por ninguém muito menos pelo passado, mas só pela gente. Um lado ruim é que a gente não pode viver no sentimento de “você nunca vai me esquecer” ou “eu nunca vou te esquecer”. As coisas simplesmente acontecem e o tempo é deliciosamente incontrolável.

Não é problema ter uma música especial pra viver por dois.

Tudo bem também já fazer aqueles planos ansiosos, com nomes dos filhos e lugar onde morar. Tudo isso faz parte e vamos repetir enquanto estivermos vivos. Planejar não significa realizar. É importante e é tão gostoso manter o clima de compartilhar sonhos e vontades. É incrível estar com alguém que completa as coisas que a gente vive.

Não é nada fácil e indolor gostar de alguém.
Mas a gente gosta mesmo é do difícil, né?
Se o amor fosse premeditado talvez a gente não valorizaria tanto. Todos valorizamos, o que muda é a maneira com que fazemos isso.

 

A gente gosta de agregar valor em tudo que vivemos.
Por isso encontramos alguém especial nos refrões das músicas ou nos tipos de comida. A gente faz isso propositalmente inconsciente. É bom demais falar “Nossa, fulano ama essa música! Sempre lembro!” ou “É o prato preferido de ciclano”. A gente gosta disso, não adianta querer mudar.

A lembrança há de ser uma lição e não uma prisão.

E mesmo que a lembrança tenha peso de saudade, não é algo a que devemos ser refém. É uma questão de valorizar o tempo: o tempo que a gente perde revivendo uma lembrança dolorosa a gente ganha indo atrás de momentos novos pra viver.

Somos uma mistura de lembrança, saudade e esperança.

Tem dias que uma parte fala mais alto que a outra, igual os dias que fazem mais sol que outros. Não há receita, há adaptação. Vamos lidando dia após dia com esse jeito maluco que todos temos de ser. E é exatamente dentro de cada aparente insuportável dificuldade que mora a nossa força de superar.

Ninguém vai te esquecer do jeito que você pensa e nem você nunca vai esquecer de alguém do jeito que espera. São os dias que fazem a gente, e dentro deles, são os momentos que fazem o que somos.
Até que ponto vale a pena desejar a vingança do tempo?
Até que ponto vale emplacar o discurso de “Você vai sentir minha falta e vai ser arrepender por tudo que me fez!”. Até que ponto? Voltamos ao tempo: a força que a gente deseja essas coisas pode ser tão melhor aproveitada desejando coisas boas pra nós mesmos. Talvez seja hora de virar o disco.

Essa pessoa aí que você está lembrando não te esqueceu como você pensa que esqueceu. Ela te encontra nas cenas dos filmes e nas pizzas do fim de semana. Ela também te vê sem querer ao conhecer novas pessoas com o mesmo nome que o seu. Essa pessoa te encontra ao sentir o seu perfume em um metrô qualquer. Essa pessoa te encontra nas ruas que passaram juntos; te encontra nas coisas que você não gostava e que outras gostam; te encontra nas piadas que faziam das outras pessoas e que agora não tem mais com quem fazer. Essa pessoa nunca vai te esquecer, mas não espere que ela te diga isso. E na verdade, até que ponto vale a pena que essa pessoa te diga isso?
Talvez seja melhor aceitar que não existe mais nada, mas tudo que existiu é algo que nunca vai ser esquecido.

É que a gente gosta mesmo de justificativas e não de respeito.

A gente gosta de questionar o por quê ao invés de parar e aceitar: “é assim ué”. E não se trata de acomodação, se trata de uma busca maldita por algum tipo de conforto, por algum motivo que justifique a dor, uma busca por qualquer razão, qualquer diabo de razão que possa nos tranquilizar e fazer voltar nossas noites de sono. Mas por quê?
A gente quer mesmo é que aquela pessoa ali em cima – aquela que já pontuamos que nunca vai te esquecer – peça pra voltar. E não só isso: que peça pra voltar de joelhos. A gente quer estar por cima sempre. E não adianta dizer que “não é bem isso, só quero que a gente volte” pois no fundo há uma ferida aberta por essa pessoa.

Aceitar não é submeter, é deixar viver.

Às vezes é melhor acontecer uma coisa mais uma vez pela primeira vez do que acontecer a mesma coisa outra vez por simplesmente acontecer.
Em outras palavras: às vezes é melhor ter aquele sentimento bom pela primeira vez por alguém novo, do que desejar que alguém do passado volte pra reviver um velho sentimento.
Claro, há exceções. Tem momentos que voltam, tem pessoas que voltam, e isso tudo acontece pra gente aprender a considerar TUDO nessa vida, ao invés de pensar que: “não, isso nunca pode acontecer”. Mas às vezes, insisto, vale mais a pena a gente aproveitar o tempo querendo novidades do que a volta no tempo.

É excitante ver a vida recomeçando.

Você também nunca vai esquecer essa pessoa.
Não adianta viver os fins de semanas sob efeito de alcoól pelas baladas na sua cidade, você nunca vai esquecer. Você vai se ver – mesmo sem querer – cantando aqueles refrões que cantavam juntos. Você vai encontrar essa pessoa nos programas preferidos que ela dizia; você vai encontrar na ausência da companhia nos fins de semana no parque; você vai encontrar essa pessoa na saudade de uma opinião sobre qual roupa vestir essa noite.

Portanto, toda essa lembrança, toda essa saudade, todo esse sentimento já vivido, vai morar na sua vida e na vida de quem já viveu com você. E como lidar?
O mesmo tempo que dilacera é o que ajuda. Os dias vão passar, outros filmes vão ser lançados, outros pratos serão provados, outros perfumes serão comprados, outros planos serão feitos, outros sorvetes serão tomados, outras risadas serão ouvidas, outros conchinhas serão compartilhadas, outros motivos serão encontrados, outros refrões serão cantados, outros momentos serão vividos. Mas sempre e pra sempre seremos nós mesmos; sempre seremos aquela pessoa que viveu aquele tempo bom e que traz saudade. E essa pessoa, essa aí da sua cabeça, sempre vai ser aquela pessoa com quem viveu aquele tempo bom e que traz saudade.

A gente nunca vai se esquecer, a gente vai se guardar.

Márcio Rodrigues.
instagram: @marciorodriguees