O que eu quero no fim das contas

Gosto de quando me conta detalhes da sua vida para eu encontrar um espaço para encaixar a minha. Com o pouco que te ouvi falar já deu para entender por que você resistia tanto. Eu no seu lugar faria a mesma coisa. Na verdade, eu já estive no seu lugar tantas vezes. Houve uma delas em que eu passei por cima das coisas que acredito, da opinião dos amigos e tudo porque o que eu sentia conseguia ser maior que eu, e na minha cabeça seria o bastante para manter alguém na minha vida. “Eu gosto tanto de você, pense nisso!” – repetia incansavelmente. Até que esse alguém não se importou tanto com o que eu disse e preferiu partir da minha vida partindo assim metade dela.

Tem amor enroscado na dor.

Coloquei na minha cabeça que nunca mais me deixaria envolver com alguém para não ter que passar por tudo de novo. Toda nova história que começava eu já imaginava como seria o fim e o quanto eu não queria viver aquilo. Mas eu tenho meus motivos; era a maneira que eu encontrava para me proteger e não me ver abrindo mão da minha própria vida quando abrir mão do meu coração deveria ser o bastante. Eu meio que tentava controlar o que eu sentia.

Por isso que quando te ouço falar parece que estou falando comigo mesmo.
Me soa tão familiar esse discurso do medo de recomeçar, e além disso, me soa legítimo, pois eu levei muito tempo para juntar meus cacos e me reconstruir – e nem sei se estou reconstruído. O fim é demolição. Beijei o chão para entender como tão melhor é o beijo no coração.

Entendo também que para você tudo isso pode soar como só mais uma soma de palavras bonitas recheadas de segundas intenções. Eu não vou me incomodar se me ver dessa maneira. Seria muita pretensão minha me achar a única laranja boa entre as outras. Por outro lado, porém, você nunca vai saber quem eu sou se não me deixar me aproximar.

Olha aqui, eu não quero dar nome, não quero nem que contemos os dias no calendário, eu só quero que você me atualize se as horas ao meu lado tem te feito bem a medida que eu tenho me esforçado. Ceder não significa perder. E eu não tenho pressa em te esperar. Pode continuar me contando da sua rotina, ainda que não nos encontremos tanto assim, pode continuar me mandando os links que acha graça, pode continuar reclamando dos problemas e das contas para pagar, por mim, tudo bem. Eu tenho a minha rotina, tenho os meus problemas e, nossa, tenho todas as minhas milhares de contas para pagar também. Não sou melhor que ninguém nem quero te convencer a esquecer outro alguém, tão menos te convencer que você não vai precisar de mais ninguém – eu quero ser eu. Quando olho para você eu vejo muito mais do que você vê. E eu não falaria tudo isso se você não fosse, no mínimo, interessante. Ainda não tenho como provar que não sou quem quer dormir com você essa noite e depois te presentear com uma coleção de visualizações das suas mensagens, mas eu vou gostar se me deixar ficar na sua vida um pouco mais, nem que seja para te ouvir dar novas risadas. E nem sei o quanto mais. Talvez eu me canse. Talvez você sinta preguiça da minha presença. Talvez um montão de coisa. Estou empenhado em encontrar um canto na sua vida para eu me encostar. Por isso, acredite nos “bom dia” que te mandar , acredite quando comento o quanto quero que a semana voe e acredite quando digo como me faz bem te ver. Você não precisa se preocupar em corresponder, até que eu prove o contrário eu sou só mais um me esforçando em te mostrar como cansei de ser um só. No fim das contas o que eu quero é te esclarecer que se tem alguém que precisa de alguém aqui sou eu de você. Gosto de quando me conta detalhes da sua vida para eu encontrar um espaço para encaixar a minha. Nem que seja para te ouvir contar infinitas vezes sobre o medo que tem de recomeçar.

2 Comments

  1. Por que você escreve essas coisas, mano?

    Chorando que nem bebê aqui! Que lindo! :”(

  2. Refletindo em 1… 2… 3…
    Parabéns!

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