Por quê a gente parou de se falar mesmo?

Quando foi que a gente percebeu que não ia funcionar mais?

A gente se falava tanto. Depois de tanto tempo sem alguma novidade para aquecer meus dias, eu gostei de te ver fazendo parte da minha rotina. Sempre gostei de receber seu “bom dia” com alguma puxada de assunto, nem que seja daquelas mais óbvias. Eu sempre gostei.

A gente se falava tanto, não é fácil desacostumar.
Quando não dava para te responder, eu te avisava. E o mesmo fazia você. Quando não dava para digitar, eu te enviava áudio. Quando não dava para enviar áudio, eu te escrevia. Funcionava assim e funcionava bem.

Passavam os dias e noites, os fins de semana. Te contava das séries que assistia e a gente perdia horas discordando sobre qual era a melhor e por quê. Eu gostava disso! Era engraçado, era divertido, era tão nosso.

Por quê a gente parou de se falar mesmo?
Será que te assustei com alguma coisa que falei? Será que você entendeu errado alguma coisa que eu pensei ter dito do jeito certo? Será que o problema sou eu? Ou você que simplesmente cansou e preferiu interromper? Será que você falava também com outras pessoas com a mesma intensidade que falava comigo? Será que você me via como eu comecei a te ver? São tantas dúvidas. E dói tanto ter dentro de mim a incerteza se eu que contribuí para este fim mesmo sem ter começado.

Há mensagens suas que releio.
É como se pudessem me levar de volta para aqueles dias, aqueles bons momentos que a gente vivia.

É difícil se derramar dentro de alguém e ver que o que era para completar acabou alagando. Por mais que eu tente pensar nos porquês, acaba pesando mais em mim a sensação da culpa ter sido minha.

Por quê a gente parou de se falar mesmo?
Isso é normal ou eu que esperava mais?
Será que você se pergunta a mesma coisa? Ou fomos só mais uma distração e um grande tanto faz? Complicado, né.

É difícil porque nem sei como tocar no assunto. Te vejo online e não sei muito bem se me cabe de perguntar o que houve. Parte de mim quer, parte de mim se pergunta se é mesmo necessário ou se a meia palavra já basta mesmo.

Seria a gente mais uma dessas relações de plástico que existem hoje em dia? Em que filmes são vividos em um dia e é ingenuidade esperar uma mensagem no dia seguinte? Isso me faz pensar em uma coisa: eu nunca fui assim. Eu nunca serei assim! Não gosto me entregar a quem não quer me receber. Vou pensar sobre isso, pensar sobre a gente.

Todo mundo merece um ponto final para aliviar o peso das vírgulas.

por Márcio Rodrigues.
@marciorodriguees

contato: umtravesseiroparadois@gmail.com

4 Comments

  1. As vezes eu acho que você me conhece, pois você escreve as coisas que eu passo.
    Gosto da sensibilidade dos seus textos.

    Muitas pessoas com o coração partido e cheio de decepções se identificam muito com seus posts.

    Você também poderia falar sobre essa nova era de “tratar as pessoas como descartáveis”.

    Abraço!

    • Márcio Rodrigues

      20 de novembro de 2017 at 19:59

      Oi Caio,

      Obrigado pelo comentário e elogio. Fico feliz!
      Eu já escrevi sobre isso algumas vezes, difícil agora é encontrar exatamente em qual texto hahaha

      abraços!

  2. Olá, Marcio.
    Estive fuçando o seu blog e tenho que dizer que tem quebrado um grande rótulo que coloquei nos homens, o de que vocês não tem a mesma avalanche de pensamentos paranoicos, no que se refere a relacionamentos, que {algumas de} nós mulheres. A verdade recém descoberta é que alguns homens podem ser mais sensíveis que as mulheres nesse âmbito. Digo, diferente de textos publicados por outros homens, frases ensaiadas que as mulheres costumam ouvir, me recuso a acreditar que os seus são escritos apenas para serem lidos ou porque é o que o setor de marketing sabe que as pessoas querem ler.
    Espero que você continue escrevendo e impressionando mais pessoas.

    • Márcio Rodrigues

      20 de agosto de 2018 at 22:00

      Oi Bea, tudo bom?

      Eu escrevo há 15 anos.
      E durante todo esse tempo a minha única intenção é pensar sobre as coisas que a gente sente.
      Tudo aqui é real, apesar de não ter exatamente acontecido tudo. Fico feliz que tenha mudado um pouco sua visão sobre os homens porque não tem sido fácil convencer que são textos com boas intenções. Mas você entendeu.

      Muito obrigado. <3

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

*