Você ainda não percebeu, mas teu ciúmes está te matando.
Mas antes disso vamos falar sobre o dito “ciúmes normal”. Veja bem, o normal para a pessoa A pode ser completamente diferente da pessoa B. Então essa qualificação não é tão precisa. Não tem problema você admitir que tem ciúmes, o problema é você não saber controlá-lo. Então esqueça esse papo de “tenho ciúmes normal”, mas sim reflita se você é alguém que consegue controlar seu ciúmes. E aí que a dúvida nasce: você é esse alguém?

O ciúme incontrolável não mata só a você, mas a relação que você tenta manter.
O ciúme é um problema que se manifesta de formas diferentes. Nem sempre é apenas sobre interrogatórios do tipo “quem é aquela pessoa?”, muitas vezes é sobre “vamos embora logo?” O ciúme também se manifesta em forma de possessividade, quando um dos dois em uma relação não admite que vivam com outras pessoas em nenhum outro momento que não os obrigatórios, tais quais aniversários, por exemplo. Ou só quando alguém não faz nada sem a companhia de outro alguém; quando alguém precise ter por perto, saber onde está, fazendo o que e com quem.

Se você é do tipo de gente que fica de olho no celular de quem você vive uma história só para saber com quem a pessoa está falando, você é alguém completo em ciúmes. Se você fiscaliza as fotos que a pessoa curte, você é alguém complete em ciúmes. Se você é do tipo de gente que sempre pergunta tudo o que a pessoa conversou com alguém, você é alguém completo em ciúmes. Se você é do tipo de gente que não sabe respeitar o espaço e individualidade entre você e a pessoa com quem vive uma história, você é alguém complete em ciúmes. E você me parece também alguém completamente perdido.

Ciúme também está relacionado a um gigante problema de insegurança. Há quem diga que os traumas do passado são as justificativas do ciúme do presente; é algo sobre o medo de ser deixado para trás como foi outrora, é algo sobre como se esforçar para não viver tudo de ruim que viveu com alguém antes. E aqui temos outro problema: os traumas do passado não podem comprometer os dias do futuro. Portanto, este papo não é bacana. É como se você obrigasse alguém a aceitar todo o seu ciúme, afinal, VOCÊ passou por coisas ruins antes. É um grande egoísmo sentimental.

Ciúme todo mundo tem. O problema não é esse. O problema é quando ele começa a ser maior que qualquer outro sentimento, especialmente, a confiança. Alguém que confia em alguém é alguém que sabe controlar o ciúme. Ao mesmo tempo que, alguém que não dá motivos de desconfiança para alguém, é alguém que colabora para não haver ciúme na relação. À parte desses exemplos, é profundamente perigosa uma relação possessiva onde alguém da história manipula o coração de outra pessoa, confundindo o cérebro, para que esta outra pessoa deixe de ser si mesmo para agradar ambos. É bem sério quando alguém pede para alguém parar de falar com outro alguém só porque, por exemplo, “não foi com a cara”. É ainda mais sério quando alguém pede para alguém ACABAR COM A AMIZADE que já existia antes só porque “não bateu o santo” ou coisa do tipo. Esta é uma relação abusiva disfarçada de relação sincera. Relacionamentos não são contratos cheios de cláusulas para cumprir.

Reflita sobre o seu ciúme. Reflita se talvez você não esteja sendo uma pessoa sentimentalmente manipuladora e que faz uso do sentimento construído entre vocês dois para satisfazer seus desejos. Reflita se majotariamente a preocupação é sempre sobre você e nunca sobre a pessoa. Reflita se a pessoa com quem você vive uma história está feliz de verdade como ela te responde que sim quando você pergunta. Reflita se ela não está só evitando aumentar problemas. Reflita se o teu ciúmes saiu do seu controle de tal forma que até parece normal hoje em dia.

Você ainda não percebeu, mas teu ciúmes está te matando. Mas você pode perceber.

por Márcio Rodrigues.
@marciorodriguees
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