E o problema é que ninguém tem culpa.
É mais grave do que resumir com ‘pessoa certa, na hora errada’.
Eu não sei dizer se você seria a pessoa certa.
Eu não sei dizer se eu seria.
Eu sei que eu não estava bem para te fazer bem.
Essa não é uma conclusão que mira ganhar algum tipo de biscoito; não quero que pareça uma análise mais inteligente do que o fato: eu não estava vivendo os meus melhores dias.
Também não é algo que tem a ver com força de vontade; não era apenas sobre querer. Eu não me reconhecia muito bem para conhecer mais de você. Todas as perguntas que eu não te fiz tem a ver com todas as perguntas sobre mim que eu não conseguia responder. Era um espiral: quanto mais confusão a minha cabeça sentia, menos eu conseguiria inspirar alguma coisa boa para alguém. Eu eu estava mal.
Você me conheceu numa fase que eu não conseguia conhecer ninguém; uma fase estranha, daquelas que a gente só sente, mas não sabe dar nome. Uma fase que eu não gostava de mim, que eu não conseguia ver lado bom de nada.
Até hoje eu lembro de como você lidou com meus sinais.
Contei como eu me sentia.
Fui me afastando para proteger a mim e a você.
Me mostrei difícil de acessar para não te machucar.
E você me deu o que eu não conseguia encontrar: tempo e espaço.
Você me deu respeito.
Reforçou que estava a uma mensagem de texto de distância, mas que o tempo para essa mensagem dependeria de mim.
Acho que a forma que reagiu foi inesperada pra mim.
Se você não entendeu nada, você fingiu muito bem.
E eu abri uma pasta na minha mente com o seu nome por você ter sido uma das únicas pessoas – e talvez a mais improvável – a me deixar respirar; uma das únicas pessoas a imaginar como estava sendo pra mim ao invés de simplificar e me dizer o que fazer.
Você entendeu que eu não entendia.
E não me forçou a encontrar resposta enquanto eu também só perguntava.
Percebeu que eu não estava funcionando.
E que a minha fase poderia tumultuar a sua.
E por ter sido desse jeito, você foi parte da minha cura.
Foi parte do motivação que me fez encontrar energia.
Longe de você eu gostava de lembrar das vezes que ficamos perto.
Porque você foi associando a sua imagem a um momento bom; eu sempre tinha algo bom para falar sobre o que você falava ou até mesmo do seu silêncio.
Enquanto muita gente me perguntava, você me ouvia.
Você me conheceu numa fase estranha, mas você foi um dos motivos que fizeram a fase melhorar. Foi a vontade de viver as coisas que a gente só comentava que também me ajudou. Foi a delícia de imaginar o meu melhor te ajudando a melhorar que me incentivou.
A fase era estranha, mas você fez parecer só uma fase.
Me conheceu por baixo, mas não viveu o alto comigo.
E que bom que você ainda está por aqui.
Que bom que ainda tenho um pouco do que você me deu: tempo.
Tempo para você me conhecer como eu gostaria de me apresentar.
///
por Márcio Rodrigues.
@umtravesseiroparadois
umtravesseiroparadois@gmail.com
Deixe uma resposta