Eu lembro de cada detalhe dessa pessoa.
E o mais importante é que não sofro ao lembrar.
Eu lembro de tudo, mas o segredo é que me apego ao que foi bom.
(e haja terapia pra me ajudar nisso).
Lembro de como começamos, continuamos e terminamos.
Aconteceu tanta coisa legal.
Eu poderia elencar motivos, apontar culpas e o que mais for necessário para estabelecer uma relação vilão-herói para o fim da história, mas esse não é o meu interesse.
A última pessoa que gostei foi embora da minha vida de um jeito diferente que entrou. Ela chegou devagar e foi embora depressa; tão depressa que eu demorei um tempão para conseguir conviver com o fim.
Ela foi uma boa pessoa; me ajudou a ser alguém melhor.
Influenciou a minha vida para o bem e de jeitos não planejados.
Me fez gostar de coisas que eu apostaria que jamais gostaria.
É como se ela tivesse criado um marco de antes e depois da minha vida.
Acho que histórias boas são as que a gente deixam mais saudades do que marcas, né? A nossa não aconteceu na ansiedade da paixão, mas sim, na calma do coração – que é mais saudável quando constante do que quando em picos.
Foi uma pessoa que me ensinou a não ter “vergonha” de errar.
Essa “vergonha”, assim com aspas, no fundo, significava um tremendo medo de me mostrar alguém fraco; inseguro.
Também foi uma pessoa responsável por me fazer desacelerar.
Eu vivia tão rápido que eu não conseguia prestar atenção nos meios; só nos começos e fins. E aí eu não conseguia fazer a coisa mais deliciosa da vida: aproveitar. Eu só me cobrava, portanto, em começar e recomeçar. Tudo.
A última pessoa que eu gostei não foi perfeita – até porque, se perfeita fosse, não seria a última, mas sim a atual rs. Mas falando sério, não foi sobre uma olimpíada de erros e acertos, foi sobre aprender a abraçar o imperfeito.
Eu não sou tudo o que eu posso ser.
Não tenho ainda tudo o que posso conquistar.
Ainda não vivi tudo o que eu quero.
E não gostei de alguém de toda a forma que posso conseguir.
Essa ideia de ‘ainda não’ me empolga a descobrir um novo eu.
Porque a gente gosta de alguém para sempre até gostar de alguém de novo.
E a última pessoa que eu gostei também me fez pensar nisso: se eu me concentrar no agora, o pra sempre vai ser só um capricho, n˜ão um plano. E eu posso ficar mais calmo.
Eu não sei quem vai ser a próxima que eu vou gostar, mas pela parte boa da minha lembrança com a última, eu me sinto pronto.
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por Márcio Rodrigues
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