Eu percebi só depois. 
Depois que a gente parou de se falar eu comecei a perceber um monte de coisa. 
Comecei a sentir um monte de falta. 
Falta de dos seus elogios carinhosos sem motivos aparentes; das suas propostas para o que fazer no fim de semana; de todas as vezes em que fez questão de fazer a pipoca. 
São essas coisas que ficam na cabeça da gente. 
Tem também a falta do beijo, tem a falta da cama, mas a falta da pessoa é a que mais machuca. 
Porque se trata da falta de um jeito. No caso, do seu jeito. 

Eu estou aqui para assumir que só depois que a gente se transformou em fim que eu percebi como queria voltar para aquele primeiro dia do sim. 
 
Aquele dia que a gente começou. 
E a gente foi se descobrindo. 
Um pouquinho por segundo. 
 
É um desafio lembrar das partes boas quando a gente está influenciado pelas ruins para tomar uma decisão. Me apeguei demais aos nossos desgastes que culminarem no fim. Na minha cabeça, no entanto, a melhor decisão seria a gente se afastar porque não estava funcionando. Eu nem exatamente me arrependo disso porque foi algo que eu senti que faria sentido, o problema foi colocar na balança só alguns sentimentos de uma história inteira. 
 
A nossa história terminou por uma porção de coisas que se resumem em desgaste e pouca energia para manutenção. Mas eu erraria se tentasse resumir nossa história a isso. A gente foi mais. E é desse mais que hoje eu, um pouquinho por segundo, eu sinto falta. 
 
Das mensagens. Das trocas de memes. Dos shows que a gente foi. 
De como você parecia colocar cor na minha rotina cinza. Depois do fim comecei a perceber que os melhores momentos dos meus dias nos últimos meses tiveram relação direta ou indiretamente com você.  
 
As pessoas que passaram pela minha vida antes de você também me deixaram lembranças boas e algumas faltas – e acho que é natural. O ponto aqui é que estou sentindo muita falta de como você é e, de fato, de como eu sou quando estou com você. É o tipo de coisa que eu não lembro mais direto como me senti com outras pessoas – vai ver porque o seu papel na minha vida era mostrar que o lugar do passado é no passado, e assim, evitar qualquer comparação. 
 
Não vou conseguir te comparar. 
A falta que sinto hoje não lembro muito de sentir antes. 
O alívio que senti pelo fim do desgaste perdeu lugar para um vazio de querer você aqui de novo. 
Eu não sei muito bem como vai dar esse assunto, mas se tem uma coisa que aprendi com você foi: “não guarde dentro de você uma coisa boa sobre alguém porque o que alimenta também apodrece.”  
Então eu vou te contar. 
Que eu percebi só depois. 
O valor que você tem e como você sempre soube me dar valor. Eu é que estava em outra frequência e na época fazia sentido.
Só não faz mais.

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por Márcio Rodrigues
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