Eu tumultuei a sua vida.
Roubei tempo seu como se eu admitisse que fizessem o mesmo comigo.
E o pior: roubei seu carinho.
Tripudiei das suas intenções como se fossem fúteis:
“a gente precisa mesmo dar um nome? não podemos só aproveitar?”
Era o tipo de resposta evasiva que eu dava.
E assim, você nunca sabia se nosso próximo ‘oi’ seria o último.
Colaborei contundentemente para apodrecer qualquer plano seu
comigo.
Eu acreditava estar por cima – alguém precisa estar por cima?
Um sentimento solitário, egoísta e ingênuo que mirava controle; quase uma espécie
de vingança pelas coisas que já passei.
Por isso meus sinais pra você eram tão imprecisos.
Você nunca sabia se eu estava começando a gostar mais ou passando a gostar menos.
Eu nunca fiz questão de esclarecer nada ou de sequer tocar no assunto; pelo
contrário, quanto mais confuso fosse, melhor – eu pensava. Assim, eu
poderia te acionar feito um botão: “hoje sim”, “hoje não”.
Normalizei com você coisas que eu odiei a vida inteira.
Troquei o “bom dia” pelo “desculpe a demora” enviado três
dias depois.
Na ordem de prioridade, você só avançava de posição quando eu não tinha mais
opção.
Eu entendo a sua preguiça de mim.
E o custo disso é que hoje, depois de nós, eu também tenho alguém para ter
preguiça.
Porque hoje sinto por alguém algo parecido com o que viveu
comigo.
Também lido com alguém que só de ler o arroba me cansa.
Alguém que evito encontrar; que não busco saber notícias.
Conhecei alguém que tumultou a minha vida.
Roubou meu tempo; meu carinho.
Tripudiou das minhas intenções como se fossem óbvias:
“a gente precisa mesmo dar um nome? não podemos só aproveitar?”
Era o tipo de resposta evasiva que eu recebia numa pergunta natural sobre em
que pé estávamos.
E assim, por muito tempo, eu nunca sabia se nosso próximo ‘oi’ seria o último.
Essa pessoa colaborou contundentemente para apodrecer
qualquer plano comigo.
E não sei se ela percebeu.
Talvez acreditasse estar por cima.
Alimentando um sentimento solitário, egoísta e ingênuo que mirava controle.
Hoje eu entendo a sua preguiça de mim porque sinto preguiça
de alguém também.
Essa é mais história em que só faz sentido quando a gente muda de papel entre
os personagens.
Hoje entendo que é menos sobre forçar com que alguém goste da gente da mesma maneira que gostamos, e mais sobre que esse alguém diga o que sente, qual sua intenção e qual a sua visão sobre o que temos. Branco ou preto. Nada de cinza – e de todo o cinza que eu te dei, por exemplo.
Eu só pude entender como fui imbecil com você ao perceber alguém sendo imbecil comigo.
Espero que você esteja tão bem a ponto de mal de lembrar de
mim.
É meu plano sobre alguém também.
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por Márcio Rodrigues
@umtravesseiroparadois
umtravesseiroparadois@gmail.com
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