Eu não quero que me diga que estou certo, mas eu não preciso de mais alguém para me destruir. Você percebe como faz isso?

Você percebe a forma que reage quando te conto as coisas?
Você percebe que adota uma postura professoral e até agressiva para dizer como eu estou errado? Você percebe?

Você diz que eu estou distante, mas não passa pela sua cabeça que talvez você esteja me afastando.

A forma que você conta a sua opinião.
Para para pensar um pouco nisso – eu já te alertei algumas vezes.
Eu realmente não preciso de mais um sermão no seu tom; não preciso que mais alguém, como você, me lembre o quanto eu não faço as coisas direito.

É uma uma merda ouvir repetidamente que a gente não faz as coisas direito – a primeira pessoa a sentir isso sou eu.

Antes de qualquer coisa, eu gostaria de alguém para me ouvir.
Eu quero saber sua opinião, mas você parece querer mais dizer o que é o certo do que me ouvir falar sobre o que sinto.

Daquela vez eu disse que estava com saudade daquela pessoa e lembra o que você disse?

“Nossa, mas assim fica difícil, você não se ajuda”

E eu sei que disse na melhor das intenções, mas talvez eu prefira a mais sensível delas, sabe?

É claro que tento me ajudar, mas talvez meu coração não esteja colaborando para isso. Você chegou a pensar por esse lado? Porque não é o que parece.

Eu não peço para que me diga o que eu quero ouvir, afinal, a vantagem de uma amizade é ouvir as coisas que a gente precisa, mas eu só não sei se preciso ouvir as coisas que tem dito e, principalmente, da forma como tem dito.

Teve também a vez do “Nossa, esquece isso, ainda nessas?”

Falando assim, parece que me obrigo a pensar de novo nas velhas coisas e pessoas. Não ocorre na sua cabeça que talvez o meu tempo seja diferente do seu, das outras pessoas, do mundo? E, para deixar claro, isso não me faz melhor que ninguém, porque eu juro, eu gostaria muito de apertar um botão e esquecer das mensagens que já recebi, de certas bocas que já beijei e de algumas conchinhas que já dividi. Só que eu não consigo. Não agora.

Tenho ficado com receio de te contar minhas coisas porque não sei como você vai reagir a elas e talvez eu fique pior pensando quando for embora.

As coisas não andam fáceis para mim. Você sabe. Na verdade as coisas andam uma merda. Eu não me sinto acertando. Há meses. Me vejo entregue a umas situações que eu não gostaria. Tenho tentado me libertar. Você sabe. Mas eu gostaria de ter você ao meu lado para me ajudar a encontrar a luz no fim do túnel, não para fazê-lo desabar.

Sabe?

Vamos conversar?
Te pergunto sempre como vão as coisas e você sempre me diz que está tudo normal. Será que tem alguma coisa que não consegue me contar?
Vamos conversar?

Eu quero a gente de volta como a gente já foi.

por Márcio Rodrigues.
umtravesseiroparadois@gmail.com
@umtravesseiroparadois